LEGISLAÇÃO PARA O LIXO ELETRÔNICO
Leis para tratar o lixo eletrônico no Brasil começaram a ser criadas há apenas três anos. Em agosto, após quase 20 anos de discussão, foi sancionada a lei federal que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, definindo o descarte de diversos tipos de lixo, entre eles o eletrônico. A lei tem dois aspectos importantes. Um é a obrigação de criar sistemas de logística reversa, ou seja, um sistema que permita a volta dos equipamentos ao setor industrial para ser reaproveitados. O outro é a definição de que a responsabilidade pelo descarte correto é compartilhada entre fabricantes, distribuidores, importadores e consumidores. A lei ainda depende de regulamentação, mas algumas empresas se adiantaram. Desde 2006, a Dell oferece um sistema de coleta de eletrônicos e acessórios aos clientes brasileiros (não corporativos), agendada pela internet.
O cliente apenas embala o que tem para descartar e uma transportadora leva os resíduos para a reciclagem. "Se o programa não fosse fácil, conveniente e gratuito, os produtos não seriam reciclados", diz Cintia Gates, gerente de cumprimento ambiental da Dell para a América Latina.
O mercado de empresas de reciclagem, porém, ainda está engatinhando no país. Quando a Itautec criou seu programa de reciclagem, em 2003, não encontrou mão de obra especializada para fazer o processo de desmontagem dos computadores e desenvolveu um sistema dentro de casa. A empresa recolhe os equipamentos e os desmonta. Plásticos, vidros e peças de alumínio, entre outros materiais, são enviados para recicladores brasileiros. "Do total recolhido, reciclamos 97% no Brasil", diz João Carlos Redondo, gerente de sustentabilidade da Itautec. Os 3% restantes correspondem às placas de circuitos impressos. Faltam no Brasil empresas que recuperem metais. A reprocessadora belga Umicore tem uma filial brasileira que recolhe essas peças para reciclagem na Bélgica. "Ainda não há volume suficiente para fazer o processo de recuperação aqui", diz Ricardo Rodrigues, gerente de desenvolvimento de negócios da Umicore. A empresa, que também recicla baterias e catalisadores, recupera até 17 tipos de metal, como ouro, prata, paládio, cobre e estanho, nos diferentes processos. Em 2009, a filial brasileira exportou 150 toneladas de baterias e resíduos eletrônicos. Neste ano, esse total deve aumentar 50%.